A Matriz Hiperprolífica: Chaves Nutricionais e de Manejo para Desbloquear a Produtividade

Nas últimas décadas, os avanços genéticos transformaram a matriz moderna em um animal hiperprolífico, capaz de produzir leitegadas maiores como nunca antes. Embora esse potencial genético ofereça oportunidades para aumentar a produtividade, também apresenta desafios significativos em termos de nutrição, manejo e bem-estar animal. O Dr. Antonio Palomo Yagüe, renomado especialista em nutrição e reprodução suína, explora essas dinâmicas no capítulo de abertura do eBook “Nutrição de Matrizes Hiperprolíficas.”

Equilibrando Prolificidade e Viabilidade dos Leitões

O tamanho da leitegada tornou-se um indicador chave na avaliação da produtividade das granjas. No entanto, como destaca o Dr. Palomo, o aumento do número total de leitões nascidos frequentemente está associado à redução do peso médio ao nascimento e a uma maior variabilidade dentro das leitegadas. Essa situação pode comprometer a vitalidade dos leitões, levando a taxas mais elevadas de natimortos e menor sobrevivência pós-desmame.

As matrizes hiperprolíficas modernas tendem a ser mais magras, com menores reservas de gordura corporal. Embora apresentem maior potencial de produção de leite, sua ingestão voluntária de ração não aumentou na mesma proporção. Esse descompasso frequentemente obriga as matrizes a mobilizar reservas corporais durante a lactação, impactando negativamente o desempenho reprodutivo e a longevidade.

O Papel Crucial da Nutrição em Todas as Fases

O Dr. Palomo enfatiza que otimizar a produtividade ao longo da vida requer uma estratégia nutricional holística — desde o desenvolvimento das leitoas até a gestação, lactação e pós-desmame. As altas exigências metabólicas associadas a ninhadas maiores exigem estratégias nutricionais precisas para apoiar a saúde da matriz e otimizar seu desempenho reprodutivo. Além disso, o aumento do estresse fisiológico pode impactar a longevidade e o bem-estar da matriz, exigindo abordagens de manejo abrangentes para garantir uma produtividade sustentável. A nutrição adequada não consiste em maximizar a oferta de nutrientes, mas em manter o equilíbrio para sustentar a condição corporal, a fertilidade e o crescimento dos leitões.

A ingestão de colostro continua sendo fundamental. Até 70% das perdas de leitões durante a lactação ocorrem nos primeiros três dias de vida, muitas vezes devido ao consumo insuficiente de colostro. O manejo ambiental, a saúde da matriz e o estado nutricional influenciam diretamente a qualidade e a quantidade de colostro, afetando a sobrevivência dos leitões e o desempenho a longo prazo.

Eficiência Reprodutiva: Mais do que Apenas Números

Além da nutrição, o manejo reprodutivo desempenha um papel essencial para aproveitar o potencial das matrizes hiperprolíficas. O Dr. Palomo destaca áreas chave como a detecção de estro, o momento adequado da inseminação e a prevenção de falhas reprodutivas comuns, como retornos ao estro, abortos e natimortos.

Ele também chama a atenção para a crescente preocupação com a longevidade das matrizes. A perda excessiva de condição corporal durante a lactação está ligada à redução da fertilidade, leitegadas subsequentes menores e aumento das taxas de descarte. Gerir a ingestão alimentar para minimizar a mobilização excessiva de gordura e músculo é essencial para manter o desempenho reprodutivo ao longo de múltiplas paridades.

Conclusão: Um Chamado para o Manejo Integrado

A evolução da matriz hiperprolífica exige que produtores, nutricionistas e veterinários adotem estratégias integradas que alinhem genética, nutrição, manejo e bem-estar. Essa perspectiva holística é essencial para manter a saúde e a produtividade das matrizes hiperprolíficas nos sistemas de produção modernos. Como articula o Dr. Palomo, o sucesso não está apenas em alcançar leitegadas maiores, mas em garantir que esses leitões prosperem enquanto se preserva a saúde e a longevidade da matriz.

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Referências

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• Quesnel, H. 2019. Factors affecting colostrum production in sows. J. Anim. Sci. 97(2):803-815. doi:10.1093/jas/sky488
• Quiniou, N. 2012. Variability in piglet birth weight and consequences on survival. J. Anim. Sci. 90(1):288-295. doi:10.2527/jas2011-4567
• Wang, J. 2017. Colostrum intake and passive immunity transfer in piglets. J. Anim. Sci. 95(5):2342-2350. doi:10.2527/jas2016.0923

Roberto Barea, DVM, Ph.D. 

Especialista em todos os estágios da saúde suína e sobre como a nutrição pode impactar no desenvolvimento e desempenho, o Dr. Roberto Barea exerce um papel vital na equipe de suinocultura da NOVUS na Europa. Nessa função, ele auxilia os clientes a melhorar a produtividade das matrizes, a taxa de sobrevivência e crescimento dos leitões e a saúde geral dos suínos melhorando o bem-estar animal e a lucratividade dos clientes.